SAMARRA HILLS

Conceptualize

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Homem Livre


Quem és tu, Homem livre?
Que existes em glória
Que combateste em Maratona e na Normandia
Que perduras na memória
por cortar a cabeça à tirania...

Quem és tu, Homem livre?
Que sabes quem és
Que tens o caminho da liberdade a teus pés
Que amparas os teus amigos
e perdoas os teus inimigos

Quem és tu, Homem livre?
Que trazes coragem ao sujeito
Que trazes luz ao dissidente
Que não reconheces alguma condição humana
Se não a condição de viver livremente.

Contra ti, Homem livre
prisão alguma pode ser edificada,
opinião alguma pode ser censurada.
Nenhum Homem que seja livre na sua mente
pode ser amarrado realmente
Não há grilhetas que prendam
um Homem que se conheça.
Nem palavras que o calem
e façam que a sua liberdade se desvaneça.

Nem um punho, nem um bastão,
Nem uma arma, nem a morte
Podem coagir um Homem forte.
Um Homem que traga a liberdade no coração...

Onde estás tu, Homem livre?
(Dentro de cada um de nós)

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Mundo à noite


O Mundo à noite
é frio e escuro
e nele todas as luzes convencionais se apagam
e segue-se o silêncio...

À noite, no Mundo,
No céu negro surgem luzes
pálidos testemunhos de que não estamos sozinhos
e apaga-se o medo...

Quando o Sol se põe, no Mundo,
a luminosidade desce,
e surgem contrastes e jogos de luz e sombra
e surge o fascínio...

Há algo difícil de explicar à noite,
quando os Homens se recolhem e a Natureza se liberta.
Ao atravessar alguma paisagem nocturna, a minha curiosidade desperta.
A cor branca da coruja só é visível à luz da Lua
e só na desconcertante penumbra os pirilampos exibem a sua luz crua.
Ali longe das luzes da cidade,
o céu atinge a sua veracidade.
Ali, longe da Humanidade,
procuro, à Luz das estrelas, a racionalidade.

Como os mil milhões de estrelas que aparecem no céu,
como aquela praia esparsamente iluminada pela Lua,
ou como aquelas ondas escuras que se quebram em brilhante espuma
naquela costa que já não reflecte luz alguma.
Como aqueles clarões que incendeiam o horizonte do mar,
clarões de uma tempestade que não afecta
a perfeição daquilo que me rodeia e não vejo,
daquilo que não vejo mas sinto, sentado no chão desta praia,
à noite, neste Mundo

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Simbiose


Quando, num dia de Inverno,
me perco junto ao mar...
Encontro-me
E quando, num dia de Inverno,
pelos campos verdes me deixo vaguear...
Percebo-me

Quando, numa tarde de chuva,
Num bosque busco abrigo...
Conforto-me
Quando, numa tarde cinzenta,
de tons cinza me preencho...
Alegro-me

A minha existência apenas está completa entre o Cosmos real,
Sou apenas feliz entre aquelas ondas e aquelas rochas,
Sorrio somente quando estou envolto em sargaços e espuma,
quando caminho cheio de areia e terra nos meus sapatos.

Não temo os elementos, temo não tê-los.
Temo não poder percorrer a beira mar, não poder correr sobre a relva molhada ou subir, em custo, alguma falésia.
Morro se me apartarem da violenta rebentação do mar
da glória rubra de um Sol poente
Sangraria até à morte se me prendessem onde não chegasse
a brisa fresca da Ericeira azul,
ou da Samarra prateada.

Quando, naquela noite fria
me deitei de costas para a Terra
Questionei-me
Quando, naquela noite gélida
as alvas estrelas avistei
Compreendi-me

Apenas existo quando existo em Simbiose...