SAMARRA HILLS

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Foto-Exposiçao - Berlenga


Em cerca de 800 km. de costa existem, na plataforma continental portuguesa, duas ilhas dignas desse nome. Recém-chegado, duma Pars mais setentrional, mas onde se vive o espírito da Samarra, apresento-vos uma delas, que foi alvo de uma expedição da equipa do Samarra Hills.
Apenas duas ilhas é uma contabilização livre, que pode ser contestada. Em termos absolutos são algo mais, mas se excluirmos barras de areia, sobra-nos o Pessegueiro, ao largo de Porto Covo, na costa alentejana, e a Berlenga Grande, maior ilha do Arquipélago das Berlengas, situada a cerca de sérios 10 km a Oeste Noroeste do Cabo Carvoeiro e onde a plataforma continental europeia tem o seu ponto emerso mais ocidental.


Escarpas graníticas, de tom róseo, na vertente Sul da chamada Ilha Velha, a parte ocidental da Berlenga. A rocha granítica que constitui a Berlenga e as Estelas formou-se quando todas as massas continantais do planeta se soturaram para formar o súper-continente Pangea, há 280 milhões de anos. No período Jurássico, há cerca de 180 milhões de anos, o rápido processo de abertura do Atlântico, com o afastamento da Placa Americana, forma uma grande ilha no centro do oceano. Esta, ao afundar-se, deixa emerso o seu extremo mais oriental, as Berlengas actuais. As ilhas são, assim, o único testemunho duma história completamente diferente daquela da bacia sedimentar continental ao largo da que se encontra, proporcionando um ambiente e paisagens, evocativos de outras eras, que não existem em terra firme.


Uma pardela e uma gaivota em voo junto às falésias onde nidificam. Hoje, a Berlenga é um santuário da conservação de espécies faunísticas, que, no caso das aves marinhas, ali encontram o ultimo refúgio na Península Ibérica para nidificar.


Uma lagartixa-de-Bocage-das-Berlengas. Num espaço tão exíguo, essas espécies desenvolveram características diferenciadoras para ali resistirem.


Paisagem árida do interior da ilha.


O conjunto dos Farilhões, ao fundo, com o farolim no topo do Farilhão Grande. Em primeiro plano, o esporão do Ilhéu Maldito.


Enseada abrigada onde se instalou o cais do Carreiro do Mosteiro


As tonalidades que atingem as águas junto aos recifes.


O topo da torre do farol, erguendo-se acima da cumeada da escarpa. Foi edificado em 1839, no ponto mais elevado da ilha, a 92 m. acima do nível do mar, erguendo a luz da sua lanterna a 29 metros de altura, alcançando uma distancia visível de 27 milhas.


Fortaleza de S. João Baptista, acessível pela estreita passagem, é o aspecto de humanização mais espectacular da Berlenga, construido em 1651.


Um braço de mar serpenteando pelo desfliladeiro do Carreiro dos Cações, provocado por erosão duma falha geológica que divide a ilha nos seus dois sectores.
Esta foto-exposição pretende traduzir a grande marca da Berlenga, escondida a um primeiro olhar ou à primeira aproximação: a diversidade.
Gostaria de concluir esta foto-exposição com a informação adicional de que o Arquipélago das Berlengas detém o estatuto de protecção integral mais antigo que se conhece, por um documento datado de 1465, emitido por D. Afonso V, a proibir que se fosse caçar às águas do arquipélago. Hoje, além de estatutos específicos para cada particularidade, é Reserva Biogenética do Concelho da Europa.
“Quando a última das terras é uma ilha, tudo se torna mais vulnerável.” lemos num documento informativo fornecido aos visitantes. E esta é uma das duas únicas que temos.

1 comentário:

  1. Parabéns pelo relato. Tomei conhecimento recente das Berlengas e fiquei maravilhado com a beleza do local. Espero visitar um dia.

    João Pimenta

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