No recente artigo entitulado "Experiência Estética" esta define-se como "uma espécie de êxtase sensacional que ocorre em reacção a um estímulo físico, uma descarga de prazer em resposta a algo que estimule profundamente os nossos sentidos"; no artigo seguinte, entitulado "Arte?", conclui-se que "Arte é tudo aquilo que é construído com o desígnio de criar uma experiência estética"; a partir destes dois conceitos surge uma questão: pode qualquer objecto criado ser considerado Arte?
Quando falamos em "experiência estética" estamos a entrar no campo da subjectividade, algo que nos é quase indescodificável. Um individuo pode sentir um forte estímulo sensorial com um determinado objecto que noutro individuo nada desperte. Assim, partindo da definição de Arte acima citada, o conceito terá de ser tão abrangente quanto os diferentes objectos capazes de estimular (mesmo que levemente) os sentidos.
Dou um exemplo que pode parecer exagerado, mas válido: um caixote do lixo, daqueles verdes que se encontram normalmente presos aos candeeiros urbanos. Tem uma volumetria específica, tem curvas suaves, que podem ser consideradas meramente funcionais, mas ainda assim é uma forma escolhida em detrimento de outra, o que mostra (alguma) consideração pela estética e pela "aceitação" visual do objecto. E porquê o verde e não qualquer outra cor? De uma vastíssima palete de cores, o criador do objecto perferiu o verde, com a vontade (nem que inconsciente) de criar uma experiência estética, ainda que mínima. O mesmo se passa na escolha de cores dos sinais de trânsito, em que se escolhe x e não y cor para simbolizar um determinado tipo de ordem.
Quando acima exploro a inclusão de objectos quotidianos (design) no campo da Arte, é possível surgir consequentemente a frustação de se estar a comparar os estímulos que tais objectos provocam com os provocados por uma pintura de Da Vinci ou uma escultura de Rodin... E é aceitável, pois estão a ser incluídos no mesmo grupo apesar de terem características tão dispares. Mas é por isso mesmo que se deve então estabeler diferentes classificações dentro da Arte, separar os vários objectos denomináveis de "artísticos", com base no esforço, na técnica, na destreza, na criatividade, nos recursos e na ideia em si que deram origem ao objecto artístico.
Seja qual for a definição de Arte não nos podemos esquecer que é um campo do domínio da subjectividade, e o que estimula uns não estimulará certamente outros.
domingo, 15 de janeiro de 2012
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