SAMARRA HILLS

Conceptualize

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Teorização comparativa das civilizações


Hoje estava sentado no sofá, depois do almoço, digerindo em paz, quando sou confrontado com um documentário que estava a começar na National Geographic, milagres do zapping. E é sobre esse documentário que vou dissertar mas pensando, ao longo da mesma exposição de ideias, em duas civilizações (a minha, Ocidental Moderna Judaico-Cristã, e a de Pericles, Clássica Grega Pagã).

O zapping deu à costa do meu pensamento um documentário que mostrava o restauro do Parthenon, edifício que marca o apogeu da cultura Grega Clássica e que se chamava "NOVA, Secrets of the Parthenon", que aliás deixo publicado em formato youtube aí em cima. Este documentário de 53 minutos mostrou-me algumas coisas que já sabia e outras que desconhecia mas que, todas elas, me fazem pensar em quem Eramos e quem Somos, Humanidade.

À 2500 anos atrás, sensivelmente, numas ilhas e escarpas calcárias no Egeu, surge uma civilização que é o nosso embrião civilizacional, nosso, Ocidentais. Homens com uma notável e inédita capacidade de abstração face à realidade quotidiana, capazes de parar, sentar-se e pensar e, apartir do pensamento livre, criatividade e sapiência, organizar meticulosamente o mundo em ordens, em padrões, em factos, em regras, e, conhecendo o mundo de forma ordenada, aplicar o que conheciam na Arte, na Política (termo que surge aí, na Grécia Clássica e Helenística, conceito que analisarei noutra dissertação mais à frente), na Ciência, nas Técnicas De Fazer, entre outras matérias comuns.
Os Gregos chegaram ao ponto de, olhando para o mundo que os rodeava, há 2500 anos, e dizer que este era constituído de Água (Thales, século VI a.C. (teoria confirmada pela ideia de que a maior e esmagadora parcela da matéria do Vniverso é Hidrogénio (H))), que tudo se reduzia ao Atómo (Democritus, séc. V a.C, teoria provada na Contemporaneadade com uso de instrumentos de observação), que a melhor forma de governo era a Polis e a Democracia (Isócracia).

Ora, neste documentário, essa civilização épica é retratada como a causa do Parthenon... E que causa... Nesses 53 minutos eu observei uma quantidade enorme de pessoas do século XXI, com maquinaria de construção pesada e computadores, e grandes cálculos artificiais e enormes teorias a ficarem maneatados, completamente obliterados, ao tentar restaurar parte do Parthenon. Isto porque este edíficio de quase vinte e cinco séculos de idade foi construído de uma forma completamente matemática e proporcional. Devido à curvatura criada nas bases (estilobato) e nas lajes (arquitraves) para criar a ilusão óptica de rectidão, devido à Enthasis (tensão/curvatura das colunas), devido até às mínimas diferenças entre blocos de mármore (questões de décimos de milímetro), estes arquitectos, historiadores, restauradores e pedreiros não conseguiam com facilidade montar aquele super puzzle.
Ao invés, os Atenienses, sem planta em papel, sem computadores ou mesmo sem maquinaria hidráulica, conseguiram em loucos 8/9 anos, extrair 100 mil toneladas de mármore, transportá-lo até ao topo da Acropolis, construir uma base flectida quase em perfeição, erguer colunas com alturas descomunais calculadas para flectirem sobre si, para se adptarem à crescente flexão da base e lajes onde se apoiavam e ainda estarem ligeiramente invertidas para o interior do edíficio, conseguiram esculpir mármore de forma a que não restasse mais do que a grossura de um fio de cabelo entre blocos... enfim, em 8/9 anos. Os nossos contemporâneos estiveram mais de 15 anos a restaurar uma parte... Mas onde é que está a diferença entre os Gregos, os Clássicos em geral, e nós, Modernos? Porque é que ficamos chocadíssimos com o facto de eles, sendo tão antigos, nos batem na forma como de pouco fazem muito?

Ora a resposta a esta pergunta é muito simples: Os Clássicos fizeram quase tudo Ex-Nihilo, do nada. Quando faziam algo estavam a ser de facto criativos. Quando pensavam sobre a República ou sobre a Democracia, quando pensavam na Geometria e na Matemática, estavam a ser inovadores, a fazer algo novo, a criar! E essa criação criativa é que deu origem ao Classicismo. Pois na vida pacata do Egeu, à beira-mar, num ambiente quente pos-ultima-glaciação, em harmonia e em paz sociais e políticas, com facilidade de encontrar comida e meios em todo o lado, os Gregos soltaram a mente e começaram a pensar o mundo e, nessa forma descontraída de ver o que os rodeava, criavam. E essa é a palavra chave, Descontração.

Hoje, tudo o que fazemos é uma sobreposição face ao que já fizeram e pior! Nós hoje, feliz e infelizmente, não precisamos de pensar geométrica e matematicamente, os computadores pensam. Não descobrimos nada de novo porque quem descobre são cientistas elitistas e excêntricos que as descobrem. São as agências como NASA ou a ESA que enviam coisas para o espaço e que exploram por nós, MASSAS, o Vniverso.

E é isto que nos choca quando olhamos para trás e vemos que numa sociedade cuja forma de pensar não era muito diferente da nossa (não eram uns aztecas que sacrificavam milhares nas pirâmides, nem uns Persas que faziam sexo nas ruas), nossos antepassados culturais, a ser completamente eficiente na criação, na técnica, na invenção, numa coisa que se fala hoje em Portugal para falar dos Portugueses, esses malucos, do desenrasca, da capacidade de sem compromissos, adpatar-se às situações e delas tirar, RACIONALMENTE, conclusões e acções.
É pena.

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