domingo, 17 de abril de 2011
Balanço
O mar puxa-me e leva-me
feroz e meigo
e eu deixo-me levar,
como matéria que sou
átomos apenas,
sob luz azul
apenas balanço sobre o mar.
Encontro vertigem entre as ondas
e vou quebrando por entre a espuma,
e amo o mar.
Amo abnegar por entre a rebentação,
esquecer-me do restante e flutuar,
junto à superfície,
sem ter para onde rumar.
Sei que sou apenas algo que permanece à tona,
não pretendo ser mais que isso.
Cubro-me de sal e de água
e não resisto à força do mar.
Rendo-me à minha pequenês,
apenas balanço nas ondas e
aceito a minha real importância,
e sou feliz
terça-feira, 12 de abril de 2011
A aventura humana fora da Terra tem 50 anos...
Hoje, dia 12 de Abril de 2011, a Humanidade comemora um dos seus passos mais significativos na sua demanda evolutiva: O primeiro voo espacial.
Às 06:17 UTC Yuri Gagarine atinge, após 2 milhões de anos de evolução humana, a altitude orbital face à Terra, escapando à sua gravidade e iniciando uma nova Era na história terrestre e cósmica na qual seres provindos do nosso planeta passam a existir também além da sua atmosfera e hidroesfera.
Passados 50 anos face ao voo de Yuri Gagarine, e embora algo festejado pelos media (como notícia secundária e suprimivel), creio que pouca gente nossa coetânea consegue olhar para este passo de gigante na História e lhe dar o devido valor. O quão épico terá sido aquele momento, em que pela primeira vez na Existência, um ser humano atravessa a barreira que separa o vazio negro do Espaço da atmosfera azul da Terra? O quão épico não terá sido todo o empreendimento humano para conseguir ultrapassar essa mesma barreira? É um enorme passo para a Humanidade chegar ao Espaço, acredito. Por fim não estamos tecnologicamente fechados no nosso planeta e isso é algo notável.
Acredito profundamente que este ponto de viragem na História será bastante citado no futuro como algo tão importante para a Res Humana como a invenção da escrita ou a Neolitização. Parece pouco provável que, mais tarde ou mais cedo, o ser humano colonize o Espaço. Nesse momento, talvez daqui a mil anos, os Homens olharão para o passado e verão no ano de 1951 um marco inquestionável na História da civilização humana e na própria história da vida na Terra: Este é o primeiro passo para que os descendentes biológicos dos seres vivos que primeiramente se formaram no terceiro planeta do Sistema Solar rumem às Estrelas na busca das suas origens e do motivo da sua existência. Para quem dá atenção ao que realmente (aparentemente) interessa no Cosmos humano e mais próximo, este momento é genial e deve ser comemorado e lembrado, não só pelo seu valor intrínseco, mas também como um monumento ao engenho humano e à sua capacidade sublime de tornar sonhos em realidades físicas, muitas vezes contra grandes impossibilidades.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Saudade
Sinto saudade de atravessar os caminhos verdes,
colhendo amoras aqui e ali,
enquanto as árvores recortam a luz do Sol,
sobre o meu corpo feliz.
Caminhava num silêncio cheio
do cantar das aves e do soprar da brisa,
por entre altos carvalhos e pinheiros,
colhendo a paz entre o zumbido dos insectos
e o murmurar doce de um riacho próximo
E eu não me cansava de andar nos bosques,
nem me cansava de ouvir os pássaros
nem de me cortar nas silvas
Eu não cessava de quebrar o silêncio daquela tarde,
com as minhas passadas incertas sobre as folhas caídas
e sobre os trevos do chão.
Eu avançava pelas veredas silvestres
e era apenas feliz, descalço sobre a cor verde
sorrindo sob a cor azul...
Não queria mais que percorrer um simples caminho
nem pensava em mais que colher amoras.
Todos aqueles estímulos me despiam do mundo humano.
Ali, naquela tarde, entre as coisas vivas,
Eu abneguei e atingi o tão fugaz prazer
de Eu e o Cosmos sermos a mesma coisa.
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