SAMARRA HILLS

Conceptualize

terça-feira, 5 de julho de 2011

Foto-Exposição: Azenhas do Mar


As Azenhas do Mar ( 38°50'26.12"N - 9°27'43.22"W) são, de facto, um sítio fascinante. Mas o que nos causa fascínio nesta povoação rural edificada junto ao Atlântico? A meu ver, é o facto de esta ser a loucura/coragem de uma comunidade materializada no aglomerado populacional por si edificado numa falésia.
A povoação das Azenhas do Mar dá-se numa escarpa sobranceira à boca da Ribeira de Cameijo. Os seus habitante parecem ter-se dedicado, como o nome da aldeia indica, à exploração industrial dessa mesma ribeira a partir de azenhas. A industria da moagem terá sido essencial para a consolidação de um povoado naquele local, talvez durante a Idade Média. A pesca não parece ter sido algo praticado, pelo menos em escala significativa, naquela povoação. A praia das Azenhas do Mar surge com areal apenas durante a maré baixa e não permite, neste momento pelo menos, o estacionamento de embarcações pesqueiras de pequeno porte. Porém a sua preia-mar poderá ter possibilitado a recolha de marisco para consumo.
Esta aldeia existe também ligada à produção vinícola. Nos campos circundantes cultivava-se a uva "Ramisco", uma casta originária de Colares.
A história das Azenhas é algo pouco desenvolvido do ponto de vista arqueológico, como de resto o é em relação a grande parte da Parte Marítima da Península de Lisboa. Em relação à arquitectura, as Azenhas do Mar contém uma mistura interessante de arquitectura típica saloia, com casas baixas construídas em pedra e caiadas (algumas reestruturadas ao longo dos tempos), e de arquitectura ao estilo Português Suave, testemunhos do período no qual as Azenhas passaram a constituir um centro turístico, repletas de interessantes painéis de azulejo.
Mas mais importante que a arquitectura, numa busca de definir o mais fascinante na aldeia marítima, é a articulação audaz que ocorre entre a povoação e a encosta na qual ela assenta. Os telhados das casas sobrepõem-se e muitos estão à altura dos pátios de outras. Há um rendilhado de caminhos e serventias desde o topo da falésia até aos jardins junto à ribeira e a aldeia parece ter sido edificada de forma bastante inteligente e dinâmica.
Outro espectacular pormenor são as muralhas construídas como paramento da falésia, de forma a evitar colapsos perigosos para a povoação. Não consigo datar estas construções, provavelmente graduais na sua feitura. Mas são de algum engenho e têm um enorme valor prático e estético, embora passem despercebidas aos olhares mais turísticos.
A baixo deixo-vos com a Foto-Exposição propriamente dita:




Vista geral da zona antiga da povoação.




A Ribeira de Cameijo desce em pequenas quedas de água ao longo dos jardins da aldeia.




Vista dos jardins.




No local da praia foi edificada uma piscina oceânica e uma promenade, algo fustigadas pelo Atlântico.




Pormenor da parede de sustentação da falésia.




Vista da articulação dos telhados na falésia.




Pátio relvado sobre o Atlântico.




Casa de arquitectura simples e rural pendurada sobre a falésia.




Piscina de água doce e azenha junto à foz da ribeira.



Fotos por Paulo Cruz

Sem comentários:

Enviar um comentário