SAMARRA HILLS

Conceptualize

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Revolução

Hoje li algo pensado por Mikis Theodorakis, um conhecido compositor grego, que me chamou a atenção. Para apoiar a sua argumentação em relação à situação actual da Grécia citou as reformas de Solon e isso de facto foi, do meu ponto de vista, genial.

Solon, estadista ateniense do século VI a.C., conceptualizou uma série de reformas politico-administrativas para a Polis ateniense. No seio deste conjunto de alterações estava algo interessante e ao qual Theodorakis aludiu muito bem: Solon aboliu as dividas existentes na sociedade ateniense e libertou todos aqueles que tinham caído na escravatura por endividamento, isto de forma a reiniciar o estado da sociedade, a equilibrar e sanar a mesma para mais facilmente implementar os ideais democráticos idealizados. Estas reformas cimentaram as fundações políticas para a construção a longo prazo da Democracia em Atenas.

Isto é facilmente adaptado à situação grega do século XXI d.C.. Entrámos, estados mundiais, numa espiral de endividamento que nos arrasta rapidamente para uma situação gravíssima de crise sócio-económica, espiral essa causada por décadas de irracionalidade económica, talvez pela colocação do sistema bancário e do mercado especulativo como ónus do modelo económico vigente.
Parece evidente que nem a Grécia, nem Portugal, nem outros países bastante endividados e em risco de colapso financeiro consigam pagar a divida acumulada com os actuais juros aplicados e a partir de programas económicos recessivos. Enquanto os países se esforçam para colmatar a questão da divida as suas economias enfrentam óbvios problemas: parece-me evidente que aumentando os impostos e piorando a situação financeira às empresas e aos cidadãos (assim como cortar nos direitos laborais dos indivíduos) se diminui a produção e se atrofia o desenvolvimento económico de uma sociedade.
Como Solon, deveríamos ter coragem para fazer tabula rasa, para abolir as dividas no sistema europeu e mundial e redesenhar os sistemas económicos globais, reestruturando as economias dos país mais vulneráveis.

O quão racional é começar de novo?

Quando atingimos uma situação irracional e que devido à sua complexidade se torna muito difícil de resolver, creio que devemos parar, pensar e reiniciar. Quando os problemas são maiores e mais numerosos do que aquilo que conseguimos resolver num determinado modelo de acção o mais correcto é começar de novo, da estaca zero se possível, e, a partir de uma situação nivelada, equilibrada e mais coerente, construir todo um novo modelo mais apropriado às nossas necessidades. E isto é válido tanto para as sociedades como para os indivíduos. É fundamental que resolvamos os problemas pela raiz nas nossas vidas, que nos reconstruamos, nos reinventemos, sempre que atingimos uma situação de irracionalidade. E isso é o fundamental, a ideia a seguir agora, acredito. Façamos um reset, abulamos aquilo que nos impede de avançar e de agir correctamente.

Em última análise, reinventemo-nos como sociedade(s) e como indíviduos nas mesmas, deixando para trás o errado e criando o correcto. Isso, para mim, constitui a Revolução.

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