SAMARRA HILLS

Conceptualize

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lux



É a luz fria e tremeluzente de uma estrela
Que me lembra quem sou. Lembra-me de onde vim, vim de uma...
Para onde vou, para uma... a minha matéria é emprestada...
É na praia, no seu tapete de pequenos grãos de matéria
Olhando o Céu, olhando fundo no Espaço e no Tempo, que eu,
Eu pequeno grão, sei a minha posição na extensa praia que é o Cosmos

No chão de areia, sob as estrelas, na fina brisa marinha de uma noite de Verão
Sei quem sou. E não sou mais que um grão, sou muito pequeno, e por sabê-lo,
e vivendo bem com isso, sou, naquela praia, muito maior do que alguma vez fui.
Ali, naquele chão, sei que sou chão de algo maior
Reconheço-me, abnego e sou imperador de mim, sou Verdadeiro
Sou Vm com o Cosmos

sábado, 22 de maio de 2010

Physiologoi: Análise breve ao seu lugar na História do Pensamento.


Os Filósofos pré-socráticos foram apelidados de Physiologoi, os teorizadores da Physis (Natureza, Cosmos), e é com este nome que os vou trabalhar. Trazer-vos-ei a imagem destes pensadores da Antiguidade sabendo que estes nomes vos soarão a algo desconhecido se tomaram como verdade absoluta as ideias que vos foram incutidas pelo sistema de ensino ocidental. Eles foram menosprezados e esquecidos pela Filosofia Ocidental e foram colocados como aquilo que vem antes da Filosofia, antes de Sócrates. Isto porque o abstraccionismo e o misticismo venceram e será essa a comparação, entre o Abstraccionismo de Pitágoras e Platão e o Fisicismo dos Physiologoi, que teorizarei de seguida.
Estes filósofos, no sentido correcto do termo, viveram ao longo dos séculos VII, VI e V a.C no mundo grego clássico mas agruparam-se principalmente nas regiões então recentemente colonizadas da Asia Minor e da Península Itálica. Foram os pioneiros do pensamento racional, inauguraram a Ciência como método único na busca da Verdade, apaixonados pelos números, pelos átomos, pelas relações entre objectos... E foi portanto ali, na actual Turquia e no actual Sul de Itália, que apareceram seres humanos como uma capacidade de abstracção esplêndida, com uma sede de respostas ilimitada, com a mente livre de preconceitos na tentativa de compreender o Mundo. Homens como Thales, considerado o primeiro Filósofo, considerado o pai da Ciência, surgem nesse contexto de enorme liberdade de pensamento que foi o século VII a.C. para os helénicos. Os comerciantes e os colonos da costa da Asia Minor experienciaram uma enorme quantidade de influências e pensamentos de culturas que visitavam ou que os visitavam. E é aí que, confrontados com deuses babilónicos e egípcios e gregos, compreenderam que as religiões não apresentavam coerência, que deveria haver outra resposta para conhecer o Cosmos. E é nesta abertura céptica que os Physiologoi nascem pois alguns Homens passam a procurar respostas para o Cosmos tendo em conta o próprio Cosmos. E observado atentamente, o Cosmos, a Natureza, apresentava padrões, apresentava uma ordem, criava uma oportunidade ao Homem de O compreender a partir da compreensão da repetição de fenómenos. É aqui que a Humanidade começa a reconhecer que o Cosmos é passível de ser conhecido e que se se libertassem dos seus pré-conceitos e procurassem conhecer o Cosmos a partir da observação do mesmo, poderiam atingir a Verdade. A Verdade surge do Material, do Facto, do Fenómeno. A Verdade é o Físico, é o observável, é o que existe de facto.

A procura máxima destes teorizadores do Tudo baseou-se em questões como a questão “De onde vem tudo?”, a “De que coisa é tudo feito?”, “Como explicar a pluralidade natural?” ou “Como podemos descrever o mundo matematicamente?” Foram ideologicamente divididos em duas categorias por Diogenes Laërtius: Os Iónios, encabeçados por Anaximandros de Miletos; E os Italiotas, encabeçados por Pythagoras de Samos. Mas é a primeira, a Escola Filosófica da Iónia que irá seguir de forma mais coerente a busca da Verdade Cientifica.

Pythagoras será um pensador perigoso. Não porque qualquer pensamento seja perigoso, mas porque adulterou os seus métodos científicos e deixou-se cair no Misticismo. Abandonou as concepções de busca da verdade e buscou refúgio na Metafísica. Separaria a mente humana do físico, afirmaria que a perfeição seria atingível não tanto no plano do Real, mas sim no plano do Abstracto. É aqui que termina um ciclo de pensamentos sobre o Cosmos tendo como fim o conhecimento do Cosmos Total a partir do uso do Cosmos factual. A partir desse ponto, o Homem passa cada vez mais a ser o centro do seu próprio Universo.


O Pensamento Fisicista terá sido negado e subvalorizado pela posterior Filosofia: Deu-se o Triunfo do Abstraccionismo contra o Fisicismo, a Alma vence o Corpo, a suposição vence a conclusão fundamentada. Pitágoras inicia uma aproximação mística ao Cosmos. Com Platão, seu sucessor ideológico, o Ethos da Filosofia cai sobre o Homem e o seu intelecto de uma forma bastante acentuada. Platão defendia que os Astrónomos e os Cientistas deveriam cessar as suas observações do Cosmos: Bastaria que pensassem neles para adquirirem respostas. Este género de pensamento descolado da Realidade e preso à actividade cerebral humana tornou-se fortíssimo e suprimiu qualquer outra vertente filosófica ao ser aproveitado para suster as bases Teológicas da Igreja Católica.
Tenho grande confiança em que o Fisicismo, o Cosmocentrismo, vencerão outra vez a certo ponto na nossa História, não como formas de pensar cientifico, mas sim como formas e pensar filosófico.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mens Super Corpus

Que mais deve ser o corpo, senão meio da materialização da acção mental? O corpo deve apenas ser ferramenta ao intelecto, controlado e racional, expressão exterior do trabalho de pensamento e do discernimento.
O cérebro é e deverá sempre ser visto como a fonte de alimentação, a máquina, a única parte do Ser capaz de tratar informação: de armazená-la, processá-la, arquivá-la, combiná-la e ordená-la, sempre em sentido de encontrar a Verdade, e de então comandar o corpo a reflectir em reacções (resposta a uma acção) essa mesma Verdade.
O corpo, enquanto simples matéria, responde a impulsos, como uma marioneta... Cabe ao cérebro enviar esses impulsos, impulsos que são (deverão ser) escolhidos consoante a correcta análise da presente situação. Qualquer reacção/impulso automatizado pelo corpo, imediato após a acção exterior, deve ser evitado, prevenido, pois não corresponderá a uma análise de factos, nem terá passado pelo processo de raciocínio e de sabedoria do Ser... Não será à partida a reacção Correcta. Mas, como "marioneta", o corpo deverá executar correctamente todos os impulsos do cérebro, e como para tal necessita de estar à altura da tarefa, este tem de ser trabalhado, treinado, aperfeiçoado mais e mais, para melhor conseguir reflectir em qualquer esforço exterior (corpus) o esforço interior (mens).

sexta-feira, 14 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ensaios Sobre a Mente: Vitium (vício)

Nesta série de ensaios tentarei explorar um pouco o campo do pensamento humano, e incidir sobre a sua capacidade de análise e de reacção perante diferentes matérias/situações.

Sem rodeios, passo a falar de vícios. Para fundamentar o que irei afirmar de seguida, vou
sucintamente explicar o que é um vício, como "nasce": é uma acção/matéria à qual, através da sua prática/utilização (quer por gosto, ou pela simples procura de aceitação social), passa-se a nutrir um sentimento prejudicial de necessidade e de subjugação para com ela. E é com base nesta descrição que ouso então afirmar que só é viciado quem não funciona segundo a "Mens super Corpus", mas sim ao contrário!
Entre muitos vícios comuns (ex: tabaco, droga, álcool, sexo, trabalho, jogos....) tomarei como exemplo o tabaco: existe a curiosidade de experimentar; experimenta-se; gosta-se (ou então não, mas sendo assim não há possibilidade de ficar viciado). Depois deste "gosta-se", é suposto processar-se uma análise de prós e contras quanto à frequência racional com que se fuma. Saber quanto tempo leva a maior parte da nicotina a ser expelida pelo corpo, saber que o prazer proporcionado pela nicotina é apenas provisório, logo dispensável, saber os prejuízos financeiros e físicos (saúde) que resultarão da prática constante do tabagismo... Face a isto, um indivíduo pensante/racional conseguirá tomar controlo sobre os apelos nicotínicos do cérebro ("Mens super Corpus"), saberá que é suicídio fumar diariamente e que, como diz o ditado, "tudo o que é demais, enjoa".
Só se torna viciado em algo aquele que não dominar sobre os impulsos do corpo, aquele que não souber pôr a Razão à frente da acção, e em muitos casos aquele que se deixa vencer e deprimidamente se abate sob um vício.

A Liberdade


A Liberdade é algo a aspirar com toda a força, é algo a almejar quase sem limites. Mas tanto se luta por ela em vão...
A Liberdade começa em nós, começa se nos libertarmos da nossa irracionalidade, a Liberdade começa quando somos, nós próprios, livres de nós. Ou seja. É na nossa mente, na nossa consciência que começa a nossa libertação, libertação face aos dogmas do nosso intelecto, libertação incondicional face a qualquer pré-conceptualização, face a todos os erros, todas as más ideias! Liberdade aparecerá de imediato quando resolvermos a opressão das nossas paixões, quando degolarmos cada falta, quando hastearmos o livre arbítrio sobre a prisão do nosso ser, a irracionalidade!
É quando passamos a viver racionalmente, felizes com a nossa escolha, que passamos a ser livres, ser livre para ser livre!
Daí de nada valer libertar-se um povo, se cada um dos indivíduos desse mesmo povo está preso, está amarrado em si, se cada um de nós, Homens, vivemos sufocados nos nossos erros, nas nossas mágoas, vivemos amordaçados e acorrentados a vidas sem propósito!
Liberdade atinge-se quando passamos a fazer aquilo que melhor se adequa a cada situação, no intuito de melhorar a existência do Outro, a Nossa, e a do Meio. Liberdade atinge-se quando deixamos para trás a vida que a Razão não quer, e abraçamos a felicidade e a paz, e o amor e tudo aquilo que satisfaz a nossa relação com o Cosmos!
Depois sim... Libertemo-nos dos Estados, das Opressões dos outros... Mais fáceis são de derrubar que a Opressão de nós mesmos!

domingo, 9 de maio de 2010

Ara Siluestris


Photo de Filipe Lopes
Edição de Paulo Cruz

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ideologia


Nada me importa mais que atingir a verdade, de ver a realidade, de existir em harmonia com ela.
É nesta relação verdadeira com o Cosmos, com tudo, que a minha existência passa a fazer sentido no plano do ideológico, que sou legítimo. Existo ao máximo das minhas capacidades.
É no reconhecimento da minha incapacidade de conhecer além do que me é dado a conhecer, é no reconhecimento da minha frágil natureza, do meu lugar remoto no Universo, que eu me torno único com o Todo. É aí que ao morrer, terei vivido com algum significado, é nesse momento que terei sido mais que uma forma de vida desprovida de racionalidade, terei atingido a Razão.
É na idealização de uma douta ignorância, é na aceitação empírica de que eu sou infinitamente pequeno, de que a minha existência é infinitamente insignificante, que passo a ser infinitamente grande, que passo a existir numa infinita significância.
Eu sei que sou pouco e isso faz de mim, MUITO

sábado, 1 de maio de 2010

Reflexão sobre a Fraternidade


Haktong-ni área, Coreia, 28 de Agosto de 1950, durante a Guerra da Coreia, esta foto mostra-nos um soldado americano confortando um camarada que perdeu um amigo em combate. Que captura... Que momento de brutal humanismo! Gostaria de partilhar esta fotografia convosco e também uma reflexão sobre a Fraternidade, sobre a sentimentalidade humana, sempre em articulação com o contexto da foto em questão.

Olhem para aqueles dois Homens... Na sua Casa seriam orgulhosos de mais para se abraçarem ou confortarem... Mas ali, torcidos e fatigados pelas balas e pelo sangue, cedem à humanidade e juntam-se para ultrapassar o momento. Ali, desfeitos, os Homens aprendem a amar, aprendem a camaradagem, aprendem a partilhar, a confidenciar, a dar! Destroçados, os Homens tornam-se bons, ajudam-se, unem-se! Entre as balas são genuínos e aprendem a modéstia! Enquanto disparam e perdem os seus amigos, aprendem a Humildade...
Quanto a mim, a guerra, como qualquer outro desastre, ensina-nos, pelo menos aos mais envolvidos, a ser verdadeiros, a ser humanos no sentido sentimental do termo. Após os desastres, dá-se o desastre de nos alienarmos das coisas importantes, deixamos de dar valor ao que temos, afastamo-nos dos Outros, esquecemo-nos daquilo que esse desastre nos ensinou.
Foi o período de desastre como a Guerra Colonial que formou o 25 de Abril e todo o bom ambiente de camaradagem e união dessa Revolução. Foi o desastre da Segunda Guerra Mundial que uniu a Europa Livre e os USA no amor à pátria, à liberdade, aos direitos humanos. Foi o desastre do Sismo do Haiti que uniu tanta gente à volta da protecção e reconstrução desse país. É na adversidade e da adversidade que o espírito humano da bondade racional se eleva! É na aflição que se revela o nosso ser, que compreendemos melhor o Cosmos e nós mesmos, que desafiamos o Cosmos e nós mesmos e assim crescemos e tornamo-nos mais fortes!
É por isso que olho agora à minha volta e me desanimo... Tanta juventude desligada da realidade... tantos adultos e idosos desligados daquilo que no fundo interessa... Tanta arrogância, tanto amor à ignorância, tanta futilidade... Tudo isso, espero que não, torcido será por outro desastre qualquer em breve...
Eu não necessito de algo extremo para me lembrar dos meus Amigos, para lhes dar amor, para os ouvir, confortar... A Fraternidade é essencial e não tem de ser algo de Guerras ou Desastres, tem de ser algo natural, o amor tem de ser espalhado. A tolerância tem de ser divulgada! Fora de uma provação, eu tento ser humano, tento ser racional, tento ser bom, e isso é o correcto!