SAMARRA HILLS

Conceptualize

sábado, 22 de maio de 2010

Physiologoi: Análise breve ao seu lugar na História do Pensamento.


Os Filósofos pré-socráticos foram apelidados de Physiologoi, os teorizadores da Physis (Natureza, Cosmos), e é com este nome que os vou trabalhar. Trazer-vos-ei a imagem destes pensadores da Antiguidade sabendo que estes nomes vos soarão a algo desconhecido se tomaram como verdade absoluta as ideias que vos foram incutidas pelo sistema de ensino ocidental. Eles foram menosprezados e esquecidos pela Filosofia Ocidental e foram colocados como aquilo que vem antes da Filosofia, antes de Sócrates. Isto porque o abstraccionismo e o misticismo venceram e será essa a comparação, entre o Abstraccionismo de Pitágoras e Platão e o Fisicismo dos Physiologoi, que teorizarei de seguida.
Estes filósofos, no sentido correcto do termo, viveram ao longo dos séculos VII, VI e V a.C no mundo grego clássico mas agruparam-se principalmente nas regiões então recentemente colonizadas da Asia Minor e da Península Itálica. Foram os pioneiros do pensamento racional, inauguraram a Ciência como método único na busca da Verdade, apaixonados pelos números, pelos átomos, pelas relações entre objectos... E foi portanto ali, na actual Turquia e no actual Sul de Itália, que apareceram seres humanos como uma capacidade de abstracção esplêndida, com uma sede de respostas ilimitada, com a mente livre de preconceitos na tentativa de compreender o Mundo. Homens como Thales, considerado o primeiro Filósofo, considerado o pai da Ciência, surgem nesse contexto de enorme liberdade de pensamento que foi o século VII a.C. para os helénicos. Os comerciantes e os colonos da costa da Asia Minor experienciaram uma enorme quantidade de influências e pensamentos de culturas que visitavam ou que os visitavam. E é aí que, confrontados com deuses babilónicos e egípcios e gregos, compreenderam que as religiões não apresentavam coerência, que deveria haver outra resposta para conhecer o Cosmos. E é nesta abertura céptica que os Physiologoi nascem pois alguns Homens passam a procurar respostas para o Cosmos tendo em conta o próprio Cosmos. E observado atentamente, o Cosmos, a Natureza, apresentava padrões, apresentava uma ordem, criava uma oportunidade ao Homem de O compreender a partir da compreensão da repetição de fenómenos. É aqui que a Humanidade começa a reconhecer que o Cosmos é passível de ser conhecido e que se se libertassem dos seus pré-conceitos e procurassem conhecer o Cosmos a partir da observação do mesmo, poderiam atingir a Verdade. A Verdade surge do Material, do Facto, do Fenómeno. A Verdade é o Físico, é o observável, é o que existe de facto.

A procura máxima destes teorizadores do Tudo baseou-se em questões como a questão “De onde vem tudo?”, a “De que coisa é tudo feito?”, “Como explicar a pluralidade natural?” ou “Como podemos descrever o mundo matematicamente?” Foram ideologicamente divididos em duas categorias por Diogenes Laërtius: Os Iónios, encabeçados por Anaximandros de Miletos; E os Italiotas, encabeçados por Pythagoras de Samos. Mas é a primeira, a Escola Filosófica da Iónia que irá seguir de forma mais coerente a busca da Verdade Cientifica.

Pythagoras será um pensador perigoso. Não porque qualquer pensamento seja perigoso, mas porque adulterou os seus métodos científicos e deixou-se cair no Misticismo. Abandonou as concepções de busca da verdade e buscou refúgio na Metafísica. Separaria a mente humana do físico, afirmaria que a perfeição seria atingível não tanto no plano do Real, mas sim no plano do Abstracto. É aqui que termina um ciclo de pensamentos sobre o Cosmos tendo como fim o conhecimento do Cosmos Total a partir do uso do Cosmos factual. A partir desse ponto, o Homem passa cada vez mais a ser o centro do seu próprio Universo.


O Pensamento Fisicista terá sido negado e subvalorizado pela posterior Filosofia: Deu-se o Triunfo do Abstraccionismo contra o Fisicismo, a Alma vence o Corpo, a suposição vence a conclusão fundamentada. Pitágoras inicia uma aproximação mística ao Cosmos. Com Platão, seu sucessor ideológico, o Ethos da Filosofia cai sobre o Homem e o seu intelecto de uma forma bastante acentuada. Platão defendia que os Astrónomos e os Cientistas deveriam cessar as suas observações do Cosmos: Bastaria que pensassem neles para adquirirem respostas. Este género de pensamento descolado da Realidade e preso à actividade cerebral humana tornou-se fortíssimo e suprimiu qualquer outra vertente filosófica ao ser aproveitado para suster as bases Teológicas da Igreja Católica.
Tenho grande confiança em que o Fisicismo, o Cosmocentrismo, vencerão outra vez a certo ponto na nossa História, não como formas de pensar cientifico, mas sim como formas e pensar filosófico.

Sem comentários:

Enviar um comentário